sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Deu um nó


Depois da chuvarada de ontem e do deslizamento de terra que levou ao fechamento do Rebouças (até sabe-se lá quando, dando um perfeito nó no trânsito), não resisti e pensei no purgatório da beleza e do caos.

Aí vai - ainda estamos longe dos quarenta graus, mas todo o resto se aplica.


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Deu no Freakonomics

Nosso governador não só arranjou encrenca com Deus e todo mundo por suas declarações sobre o aborto mas também não citou a fonte...

Olha só o comentário no blog do Freakonomics (foram eles que originalmente dispararam a polêmica tese de que o aborto reduz a criminalidade). Reproduzo o texto abaixo, mas se você quiser ir ao link original, está num pedacinho de:

http://freakonomics.blogs.nytimes.com/2007/10/25/freak-tv-was-alan-greenspan-just-lucky/#more-2021


Naked Self-Promotion
Sergio Cabral, the Governor of Rio De Janeiro, has argued that legalizing abortion could be an effective means of curbing crime in the city, which is currently one of Brazil's most dangerous. He based his argument on the chapter in Freakonomics revealing the apparent link between falling crime in the 1990s and U.S. abortion laws.


Decidi dar uma olhadinha no Armazém de Dados da Prefeitura do Rio de Janeiro. Infelizmente, os links para o que eu procurava não estavam lá, a saber, qual a taxa de natalidade por região administrativa. Então, continua aqui a pergunta: será que a taxa de natalidade nas favelas é maior que no asfalto? Eu acho que não.


Mas, existe uma maçaroca de dados bem interessante, que eu vou tentar mostrar abaixo, sem grande "estatiquês". Os dados são de 2002 e foram compilados a partir das tabelas 1023 e 1025 do "Armazém". O que eles mostram? O percentual de mulheres de baixa instrução (menos de 3 anos de estudo) e mulheres adolescentes (com menos de 19 anos) que tiveram filhos no município do Rio em 2002.

O que se conclui? Mais ou menos o óbvio. Nas áreas mais pobres o percentual de mães adolescentes e de baixa escolaridade é maior. O aborto é uma solução? Talvez.

Ordenei os bairros por incidência de partos em mães adolescentes. O resultado está aí...



Os bairros "campeões"? Não devem causar espanto. Campeoníssimos também na miséria.

Notem que se o nosso campeonato fosse pela baixa instrução, a "taça" iria pára outros, Rocinha e Maré competem "neck to neck" neste páreo, o que até me causa algum espanto, pois a minha percepção de habitante ZS é que a Rocinha seria uma favela (oops, perdão, "comunidade") muito mais "afluente" que a Maré.


Em termos destas duas medidas, pode-se perceber "de cara" dois grupos de bairros pobres - num é alta a incidência de mães adolescentes e também de mães de baixa escolaridade (mas não se pode dizer que elas sejam as mesmas pessoas). Num outro grupo de bairros existem muitas mães adolescentes, mas um baixo percentual de mães com pouca escolaridade.


Moral da estória: não dá para generalizar, e portanto também não existe solução única para todos os problemas.







quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Mas, o que é mesmo que eu acho que é luxo?

O que é luxo prá mim?

Vocês já viram dois "posts" com títulos contendo a palavrinha mágica. A minha concepção de luxo é aquela possível para a classe média - nada de Learjets nem helicópteros, nem ilhas paradisíacas no Caribe ou no Índico. Nada de relógios que custam mais do que eu ganharei em toda a minha vida e (infelizmente, para uma apaixonada por quatro rodas como eu), nada de carros que custam mais que um apartamento de dois quartos na zona sul do Rio.

Mas, o que todos nós parecemos valorizar e considerar um LUXO é PRIVACIDADE. E, ela custa dinheiro - quanto maior, mais dinheiro. Para fugir das hordas, só fazendo gazeta, como eu fiz, e teremos a agradável lembrança de um mundo com menos gente e, sem dúvida alguma, muito menos vulgaridade, mas isso é assunto prá depois.

Hoje eu estava pensando: num mundo com tanta gente, pareceria natural que o espaço privado se valorizasse, e a impressão que eu tenho é que o exato oposto acontece. As pessoas parecem gostar de andar em bandos, estar onde todos estão, fazer o que todos fazem. Hoje saiu no jornal o preço dos ingressos do show do The Police em dezembro no Maracanã. O mais barato, arquibancada, R$ 160,00. O mais caro, R$500,00, mais de US$ 250. Sabe quando é que eu vou pagar isso para estar com mais 70 mil pessoas no Maraca vendo a "reunion" de roqueiros velhos? Jamais! Podem dizer que é crise de meia idade, eu digo que prefiro gastar dinheiro com menos gente e mais conforto. R$ 500 compram duas noites de hospedagem (ou quase) num fim de semana fora do Rio!

Eu aqui falando de muita gente e acabo de ver na TV o lançamento do maior avião do mundo, o A380. Cabem 500 pessoas, e os aeroportos terão que ser adaptados para a chegada do monstrengo. Já imaginaram que delícia a poltrona do meio na classe "navio negreiro" num vôo de Tóquio ao Rio de Janeiro neste avião? E os lugares no vôo inaugural foram leiloados - há louco prá tudo! E qual a vantagem para o consumidor nesta estória? Em todas as matérias sobre o avião, não ouvi ou li nada sobre tarifas mais baratas. Aliás, nos EUA as companhias "low cost" já quiseram sugerir lugares em pé nos aviões. Decididamente faz a gente achar as barrinhas da Gol um L-U-X-O só!Imagina! Como diria uma amiga minha, HUMPFT!

Voltando ao assunto original, dei uma olhada no "site" do IBGE. Em 1980 éramos cerca de 119 milhões, em 2006, aproximadamente 186 milhões de habitantes. Mais de 50% de aumento! Não é sem razão que eu reclamo que existe tanta gente em volta, e tanta gente que não respeita o espaço de cada um. Pode ser uma coisa meio anglo-saxônica, mas brasileiro não sabe respeitar o espacinho "regulamentar" a que cada ser humano tem "direito", todo mundo aqui gosta de ficar grudadinho com você. Você pode estar parado na calçada esperando o sinal abrir e vem alguém e quase te encosta, e não é assaltante. Em outros lugares do mundo, só em Now York, a maior cidade tupiniquim do mundo, é que eu acho que isso acontece. No mundo civilizado, te olham feio. MAS SERÁ QUE AINDA EXISTE MUNDO CIVILIZADO? Nem na Suécia (enorme índice de suicídios!) e muito menos na Suíça, onde a extrema-direita acabou de ganhar as eleições!

Moral da história - realmente tem MUITA, MUITA gente nesse mundo, muito mais que nos meus 20 anos, e isso é o que me causa algum desconforto.

Somando-se a isso o fato do Brasil ser um país jovem, o desconforto aumenta. Aqui, a gente olha em volta e a grande maioria é mais nova que a gente, isso só nos faz perceber que a idade está passando, e depressa. Quando chegamos aos EUA e, melhor ainda, à Europa, é o paraíso dos quarentões. Uma parcela substancial da população é da nossa faixa etária ou, melhor ainda, mais velha. Ninguém olha prá gente como "meia idade", ao contrário, nós somos a parcela mais produtiva e mais influente da população, os "Reis da Cocada Preta", um L-U-X-O! A ditadura dos jovenzinhos é coisa de país emergente, ou como se dizia em tempos menos politicamente corretos, coisa de país subdesenvolvido mesmo!

Além do mais, o culto à juventude é uma característica tupiniquim, tão nossa como a goiabada e a jabuticaba e, as duas últimas provavelmente um L-U-X-O, devem fazer bem melhor à saúde.

Brasilll, o campeão da desigualdade social, e também do culto ao corpo, do culto à juventude, do hedonismo, das cesarianas (isso eu apoio!) e das plásticas e lipos. Será que estas coisas são um L-U-X-O?

Até que ponto, todos nós, para nos sobressairmos no meio da multidão, não fazemos apenas comprar, comprar e comprar, ter, ter e ter mais ainda, até não poder mais, numa compulsão irrefreável de consumo?

E o "ser", onde ficou?

Hoje em dia vejo adolescentes e universitários de classe média alta com mesadas muito maiores que o seu futuro primeiro salário. E eu me pergunto: e a motivação para trabalhar, qual vai ser? Não é à toa que só saem da casa do papai e da mamãe com 30 anos na cara, quando saem! Eu ganhava um salário mínimo e meio de mesada quando estava na faculdade, e não era diferente de 90% dos meus colegas, inclusive os bem mais ricos do que eu. A gente comia e bebia em casa antes de ir prá boite prá não gastar dinheiro, lá era uma vodka só, no máximo duas (tudo bem, a vodka era russa) pois era mais barato que whisky. Depois, só Coca-Cola. E a gente dançava de se acabar a noite inteira, eu saía do Hippo depois das 4 sempre!

OK, este último parágrafo está meio fora de contexto, mas serve para a gente pensar sobre alguns dos bons valores que a gente teve lá em meados do século XX e não andam muito na moda hoje em dia.

Voltando à pergunta original - o maior luxo prá mim é, sem dúvida, a privacidade. É poder olhar a natureza sem que ela esteja completamente devastada, é poder estar com os amigos, é ir a um restaurante legal, é bater papo, é tomar um bom vinho, é - principalmente - poder fazer tudo isso em lugares públicos em que as pessoas saibam se comportar e não transformem o seu momento de lazer numa chateação, com crianças insuportáveis correndo entre as mesas do restaurante, casais se chupando na mesa ao lado, bêbados gritando no seu ouvido, etc...

L-U-X-O, mas L-U-X-O mesmo, é a solidão.














Que L-U-X-O!

Superado o trauma do feriadão, lá vou eu prá Região dos Lagos de novo, vocês vão dizer que estou virando habitué. Que diferença! Um l-u-x-o, como diz o título deste "post".

Fui à Cabo Frio cuidar de uns "affaires" familiares, e como ninguém é de ferro fui para a praia. Acabei naquela em que me esbaldei na infância e, quatro décadas depois, continuei me esbaldando - a Praia das Conchas! Os quisques trash é que acabam com o visual, estão fazendo lá o que fizeram em Búzios. Eu não tenho nada contra quiosques de praia, ao contrário, mas será que não dava para eles serem mais transadinhos? O apogeu dos quiosques de praia são os da Praia do Futuro - o tal do Croco Beach é uma verdadeira Cancun (cercada de pedintes por todos os lados...), mas é legal "a pampa" (como diriam uns de umas duas gerações abaixo da minha).

Não resisti e fui lá no "site" deles pegar umas fotos, vocês só acreditam vendo o que é o lugar! Vejam abaixo.




Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, não precisa ser um Croco Beach, mas uma coisa mais legalzinha, com cadeiras limpas e alguma uniformidade visual não fazia mal a ninguém!


Acima a vista da praia apenas, poupei-os dos butecos. Não é linda (ainda)?

Depois, chutei o pau da barraca (em sentido figurado) e decidi fazer uma carioquíssima "gazeta", aproveitando o domingo. Fui prá Búzios, e aí foi tudo de bom. Lembra-se da semana passada, do engarrafamento de cinco horas para ir, quatro para voltar? Pois é, nem eu! Vocês já imaginaram Búzios numa segunda-feira oito dias após um feriadão? Paraíso completo e absoluto. Praias vazias, restaurantes idem, a Rua das Pedras ali esperando a gente só para um "strolling" de cidadezinha no interior. Parecia até a Búzios de 20 anos atrás, uma delícia.

E tivemos até uma ajudinha inesperada - o mar gélido do feriadão, sabe-se lá o porquê, desapareceu, e se o mar não estava tépido, pelo menos não congelava como na semana anterior.

Portanto, vamos às fotos, agora de Búzios!














quarta-feira, 17 de outubro de 2007

As delícias de um feriadão (o inferno e o paraíso na terra)

Num arroubo de loucura, fui para Búzios no feriadão. cinco horas para ir na 6a feira e "apenas" quatro para voltar na 2a. NUNCA na minha vida peguei um engarrafamento tão grande, e me disseram que quem saiu na madrugada de 5a para 6a pegou um ainda pior. Gente - o que era aquilo? Eu jamais imaginei que havia tanto maluco disposto a acordar às 6 da manhã num feriado para pegar uma estrada - o engarrafamento começava na Ponte!


Não sou expert em Região dos Lagos, mas há quem já tenha passado oito horas na estrada para vir de Búzios ao Rio. É coisa de maluco, não? Eu sou bem inflexível com quem anda pelo acostamento, mas nestas condições consigo até perdoar quem faz isso - se você passa por um engarrafamento desses sabe o desespero que dá!


No meio do caos, comecei a filosofar e até rir. Vocês já notaram que o engarrafamento da Região dos Lagos é uma das poucas coisas realmente democráticas do Rio de Janeiro? Pega todo mundo por igual - pobre, a classe média que vos fala e rico (embora os REALMENTE ricos não estejam lá no feriado, ou então usam meios alternativos de transporte, como jatinhos e helicópteros). Você está lá e olha em volta - vê um Voyage 1985 com adesivo "Jesus me deu", mulher, filho, sogra, barraca e cadeira de praia e o sujeito com cara de "o que que eu fiz prá merecer isso?". Olha pro outro lado e vê um emergente Pajero blindado com Insulfilm pretão e fica imaginando a louraça siliconada e turbinada dentro, direto da Barra da Tijuca. Enfim, muito democrático - não interessa quantos cavalos tem o seu "possante" e o preço do seu seguro, você está lá, parado, parado, parado....


E Búzios então? Lotação totalmente esgotada.


Depois de quatro parágrafos de reclamações você deve estar pensando: "ela detestou o feriado, está xingando até agora a idéia de ter ido prá Búzios, etc e tal...". Que nada! EU ADORO BÚZIOS! A estrada é horrível, a cidade não tem infra-estrutura, é tudo um caos, mas eu chego lá e volto a ter a alegria da infância, adoro o mar, adoro o vento, adoro o sol, e fico feliz como uma criança de 10 anos! Tirando o "pequeno" inconveniente de chegar e sair de lá, é uma delícia!

A praia não estava lá grande coisa, mais lotada do que deveria, e o mar mais frio do que deveria, mas continua L-I-N-D-O e então eu perdoo tudinho.

Lá vai a indefectível foto dos barquinhos, marca registrada do local...


Fui para uma pousada ótima na Ferradura dedicada, digamos, a um público específico... Muito simpática, donas igualmente simpaticíssimas, serviço atencioso, tudo de bom. O nome é Our House, vale a visita! O site é http://www.ourhousebrazil.com/br_default.asp


Abaixo a vista da minha varanda, legal, não é?


E aí, depois de quase uma semana já no Rio, ainda razoavelmente bronzeada, apesar do filtro solar 30 (já devia estar no filtro 40 - o número do filtro vai aumentando com o número de anos que a gente tem, você não sabia, hehehe?), despeço-me dos meus dois leitores.

Até o próximo feriadão. A gente se vê comprando Biscoito Globo no engarrafamento!










sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Sumi mas não morri

Pois é, andei sumidíssima mesmo, é a falta de tempo - esta e a falta de dinheiro parecem os males das nossas vidinhas, mas sobre a segunda eu nem falo.

Sumi, mas ao aparecer trago novidades: uma rádio (em processo de criação/atualização/bagunça) feita por mim. O site, imperdível, é o www.last.fm. Em linhas gerais, é bastante parecido com o yahoomusic (www.yahoomusic.com) na versão gringa (havia uma versão brasileira que não tinha N-A-D-A). A idéia básica talvez você conheça - é "um site" com zilhões de músicas que você pode classificar e incluir na sua "playlist". Artistas "semelhantes" (sabe-se lá segundo quais critérios) são mostrados com o seu escolhido, e após uma certa garimpagem você consegue montar uma lista bem legal.

Gostei muito do fato do last.fm exibir as músicas mais tocadas de cada artista nesta semana, mês e no último ano. Isso permite que a gente encontre facilmente os "hits" de cada um, embora seja uma boa idéia dar uma olhadinha lá no final da lista, para ver se você não esqueceu de alguma preciosidade.

E, last, but not least, o site permite a exportação da lista criada para um blog como este que vos fala.

Portanto, agora é deixar com o last.fm e divirtam-se com as músicas.