quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Ultrajante!

É o melhor adjetivo que eu consigo encontrar para a coluna do Diogo Mainardi na Veja desta semana, que reproduzo abaixo.

Diogo Mainardi
Meu prato de Natal

"A pena de morte é um assunto proibido,
automaticamente associado aos piores
brucutus da história. Mas, quando se
tem 44 663 assassinatos por ano, como
no Brasil, nenhum assunto pode ser tabu.
Nem na noite de Natal"

Pena de morte. É um tema perfeito para o período de Natal. Enquanto as pessoas confraternizam com parentes e amigos, distribuindo presentes e bons sentimentos, eu confraternizo com a cadeira elétrica e a forca.

A pena de morte reduz consideravelmente o número de assassinatos. Para cada criminoso condenado à morte, ocorrem de três a dezoito assassinatos a menos. A estatística consta de uma reportagem do New York Times, de onde chupei os dados publicados nesta coluna.

A reportagem apresenta o resultado de uma série de estudos realizados na última década. Os economistas citados pelo jornal compararam as taxas de homicídio nos Estados Unidos com o número total de prisioneiros executados, estado por estado, cidade por cidade. Eles descobriram que, nos lugares em que a pena de morte foi aplicada com mais freqüência e com mais rapidez, como no Texas, a taxa de homicídios caiu de maneira mais acentuada.

Alguns especialistas contestaram os estudos. O principal argumento que eles usaram foi o seguinte: o número de penas capitais é insuficiente para determinar seu efeito. Em 2003, nos Estados Unidos, apenas 153 criminosos foram condenados à morte, para um total de 16 000 homicídios. Um professor de direito da Universidade da Pensilvânia declarou ao New York Times que precisaria de 1 000 presos executados alea-toriamente para poder concluir algo definitivo a seu respeito. Por acaso ele aceitaria 1 000 presos brasileiros?

O fato é que os estudos mencionados pelo jornal indicam que há, sim, uma correlação direta entre a pena de morte e a queda no número de assassinatos. Pelas contas do economista H. Naci Mocan, cada execução acaba salvando cinco vidas. Apesar disso, ele afirmou ser pessoalmente contrário à pena de morte. Porque há outros fatores em jogo: morais, religiosos, políticos.

Na ceia de Natal, entre uma fatia e outra de panetone, o assunto pode ser este: se eletrocutar um assassino realmente salva vidas, há um ponto em que a barbárie da pena de morte se torna moralmente aceitável? Um professor de direito da Universidade de Chicago, Cass R. Sunstein, respondeu ao New York Times: "A evidência de que ela teria um efeito dissuasório significativo parece suficientemente plausível para tornar complicada a questão moral. Eu era contrário à pena de morte, mas passei a considerar que, se ela tem um efeito dissuasório significativo, provavelmente é justificável".

O professor da Universidade de Chicago tem um bom motivo para medir as palavras. Nos meios intelectuais, discute-se alegremente a tese de Steven Levitt, segundo a qual o aborto reduziria o número de assassinatos. Até mesmo o governador do Rio de Janeiro embarcou nessa, uma prova de que a idéia é falsamente provocatória. Já a pena de morte é um assunto proibido, automaticamente associado aos piores brucutus da história. Mas quando se tem 44 663 assassinatos por ano, como no Brasil, nenhum assunto pode ser tabu. Nem na noite de Natal

Por que ultrajante?
Bem, o "timing" não poderia ser pior. A virulência do Mainardi poderia dar um tempinho a nós, pobres mortais, que só queremos ter um pouco de circo de vez em quando. Por que não nos deixar curtir um pouco o final do ano, e as bobas esperanças de um feliz 2008?

O argumento de que a pena de morte reduz a criminalidade é um absurdo gritante. Não sai à cata da matéria do NYTimes (ainda o farei) e vou fuchicar a internet para descobrir onde estes boçais publicaram algum artigo quantificando este absurdo, algo como: se x = número de assassinos fritos na cadeira elétrica então y = k.x mortes evitadas, onde k varia de 3 a 18, segundo o gosto do freguês. Lindo, não? Como se a realidade fosse assim tão simples e linear.

Mas, o que é MESMO ultrajante não é o blábláblá do Mainardi. Este, tadinho, queria ser o Paulo Francis mas ainda é junior, não tem a cultura e a competência para tanto.

O ultrajante e grotesco é a realidade.

Nesta semana um garoto de 15 anos foi retirado de casa pela polícia no interior de São Paulo e encontrado morto no dia seguinte após sofrer 30 choques. TRINTA! E nas mais diversas partes do corpo, caracterizando atos explícitas de tortura. ISSO é grotesco, inaceitável, um insulto à nossa sociedade, uma selvageria.

Isso tudo no momento em que Zé Serra, ex-exilado, é governador de São Paulo, e Lula é presidente.

E o que aconteceu após a morte do garoto? NADA! Em qualquer país decente do mundo, o secretário de segurança teria pedido (no mínimo) licença, talvez demissão.

Por que nada aconteceu? Porque talvez a nossa sociedade hoje apóie a barbárie. Há poucos dias São Paulo comemorava o primeiro dia em décadas sem assassinatos. A mesma polícia que consegue isso é a que tortura e mata um adolescente.

E não pensem que eu sou do tipo que defende todos os bandidos como "coitadinhos", eles não tiveram chance na vida além do crime, etc e tal. Nada disso, minha postura em relação ao assunto é até bem de direita. Eu sou a favor da prisão perpétua e de jogar a chave da cadeira fora no caso de crimes graves. Principalmente, eu sou a favor do fim da impunidade. Bandido sabe que tem uma "profissão" de alto risco - a morte é um risco ocupacional. Não será a prisão perpétua um castigo bem pior?

Ao invés da ideologia do "mata e esfola" que a gente ouve com tanta freqüência hoje, e coisas do tipo: "bandido bom é bandido morto", que tal: "bandido bom é bandido preso, incomunicável, por um tempo muito longo"?

Os criminosos são bárbaros, a sociedade não pode ser. No momento em que se propõe algo tão radical como a pena de morte (institucionalizada ou informal, como no caso do adolescente de São Paulo), a sociedade está recorrendo a métodos igualmente bárbaros para a solução de conflitos.

Enfim, vamos parar com esta estória de "mata e esfola". Enquanto a gente não atacar de frente a reforma do nosso Código Penal, tornando-o mais rigoroso onde deve ser e, ao mesmo tempo, preservar os direitos humanos dos presos, o nosso "Brasiu" continuará essa vergonha.

E eu ainda nem falei das garotas que foram presas em celas com homens e violentadas, mas isso fica para um outro dia...

Espero que todos tenhamos um ano novo com menos Capitães Nascimentos e um pouco mais de respeito ao próximo - assim tudo iria ficar tão mais fácil. Parodiando o Cristovão Buarque (aquele chato!) - a solução é a E-D-U-C-A-Ç-Ã-O...

PS - Eu normalmente gosto da coluna do Diogo Mainardi, mas realmente acho que ele nunca vai chegar aos pés do Francis... E, cá entre nós, eu posso não gostar do Lula, mas chamar o livro de "Lula é a minha Anta" é um desrespeito à figura do presidente. Vocês podem me chamar de conservadora e careta, mas acho esse título uma tremenda apelação.



Felicidade



Felicidade chega de mil e uma formas, de mansinho ou aos berros, mas geralmente em pequenas embalagens.

A minha dose mais recente de felicidade chegou na semana passada, com pouco mais de três kg, 49 cm e dentro de mais ou menos um ano deverá me chamar de Dinda, TitiMô (copiando alguém que já está bem grandinho e barbado) ou algo ainda mais criativo. Esta pequena grande dose de felicidade, aliás, não chegou aos berros, mas veio com pompa e circunstância, e a gente só faltou fazer uma parada em praça pública para recebê-la.

Bem, só resta a vocês me presentear com um babador neste Natal e comentar que as fotos mostram A bebê recém nascida mais linda que vocês já viram....

sábado, 24 de novembro de 2007

Cow Parade



Já vou avisando: eu ADORO as vaquinhas! Acho reclamação sobre a Cow Parade coisa de gente mal amada e sem qualquer senso de humor. Vandalismo nas pobrezinhas, então, nem se fala. Saiu no jornal hoje que uma "terrorista" atacou diversas vaquinhas, escondida atrás de uma máscara de vaca e jogando carne moída (imagino que crua) nas vaquinhas. Já pensaram no cheiro depois de uma hora de carne moída no sol? Êta protestozinho besta! Tanta gente que só come carne uma vez na vida e outra na morte, e essa aí jogando carne em cima das vaquinhas.

De uma das mal-humoradas de plantão ouvi: por que vacas? Respondi que achava que era por causa do tamanho, o impacto visual era grande mas, cá entre nós, se fosse uma "Elephant Parade" ou uma "Hippo Parade" o efeito seria bem maior. Enfim, acho que nem tanto ao céu e nem tanto à terra. A idéia deve ter algo a ver com animais domesticados, e aí surgiu a pergunta: por que não um porco ou uma galinha? A galinha é feia, e se fosse em tamanho natural todo mundo iria tropeçar nelas. Quanto ao porco, aqui no Rio iria causar um problema, iriam achar que era propaganda do Porcão, mas não sei não, uma versão tupiniquim da Cow Parade, uma Pig Parade, podia ficar bem engraçadinho.



Enfim, já vi as vaquinhas em Buenos Aires e São Paulo também, mas as "Cowriocas" ganham em charme de todas elas! Tá bom, vocês vão dizer que eu sou bairrista, sou mesmo e pronto!

Como as minhas fotos estão todas no celular, e ainda não comprei o fio para transferi-las para o computador, vou me apropriando das fotos dos outros com algumas das vaquinhas mais simpáticas, já que a exposição termina depois de amanhã.

O site oficial das vaquinhas é http://rio.cowparade.com/

Algumas das charmosas ruminantes estão por aí, espalhadas pelo texto. As imagens foram retiradas do Flickr, e não têm copyright. A que está aí embaixo é uma das mais populares, foi patrocinada pelo nosso mais famoso "noveleiro" Gilberto Braga e fica em frente ao Copacabana Palace, right next to the Rainbow Kiosk.










Vídeo do Rio Antigo

Na linha do "post" "Saudosismo Carioca" publicado recentemente, aí vai um video do Youtube com um filmete do Rio em 1936. Aliás, o "link" me foi enviado por uma amiga, este eu não descobri sozinha. A cidade está quase irreconhecível. Quanta coisa boa desapareceu, inclusive as borboletas. Será que foi a caça predatória prá fazer os pratinhos de loja de turista?

Eu acho que tem uma besteira no video - o narrador chama a Avenida Atlântica de Beira Mar, mas confesso que tive preguiça de ver de novo para confirmar.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Recordar é Viver

Recordar é viver. Hoje em dia isso vale na música mais que tudo. Comprei um CD, coisa rara nestes tempos de eMule e similares e a única música que prestava era "White Horse". No feriadão em Búzios, chuvoso como a peste, em todos os lugares tocava-se música, e o que animava o povo? "White Horse". E eu ria muuuuito!

Sabem porquê?

Porque nestas horas ser uma testemunha ocular da pré-história é muito divertido. Lá pelos idos de 1986, "White Horse" era um verdadeiro hino das boites gay, então é muito engraçado ver hoje um monte de boyzinhos hetero dançando animadamente com este som - só fico imaginando o sucesso que eles fariam há 20 anos.

A versão do YouTube que segue abaixo está censurada. A letra (muito edificante, hahaha) é: if you wanna be rich, you´ve got to be a bitch, rich, bitch, .... e disso não sai, realmente muito edificante.



terça-feira, 6 de novembro de 2007

Muito apropriado para os últimos dias...

Se vocês repararam o último "post", devem ter notado a seqüência de fotos com céu azul cristalino. Bem, levando-se em conta que a primavera carioca lembra mais um dilúvio pré-histórico, peguei-me cantando uma musiquinha bem sixties ao escrever o "post", e não resisti quando encontrei esta versão, deliciosamente enrolada, no Youtube. Se você conhece a letra, ótimo. Se não conhece, acho difícil reconhecê-la com o sotaque da Miriam ("Pata Pata", lembra-se?) Makeba.



segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Saudosismo carioca

Após a leitura da coluna do Joaquim Ferreira dos Santos no Globo de hoje sobre as delícias do Cosme Velho "ilhado" pelos próximos seis meses por causa do fechamento do Rebouças e depois de receber de uma amiga umas fotos de Ipanema e Leblon da década de 60 parei prá pensar que estamos ficando todos uns velhos nostálgicos.

Sem pedir licença (se ela não gostar, retiro as fotos amanhã), reproduzo aqui um Rio menos superlotado (embora o Arpoador já estivesse bem cheinho...).

Nos cinco minutos em que escarafunchei a "net" em busca de fotos do Rio pré-1970 descobri alguns blogs muito legais, deixo os links prá vocês, pois não vou ficar só ficar fazendo corte e cola das fotos dos outros.
Saudades do Rio
Saudades do Rio - o Clone
Fotos do meu bairro, meu país


Lá vão as outras fotos da minha amiga e um clássico dos anos 60, tudo a ver, mas um título para a gente "se situar", pois afinal de contas o superlotado século XXI tem muita coisa boa e aqui ainda não é a China com seus 1,3 bilhões de habitantes (ai que aperto!).


























sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Deu um nó


Depois da chuvarada de ontem e do deslizamento de terra que levou ao fechamento do Rebouças (até sabe-se lá quando, dando um perfeito nó no trânsito), não resisti e pensei no purgatório da beleza e do caos.

Aí vai - ainda estamos longe dos quarenta graus, mas todo o resto se aplica.


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Deu no Freakonomics

Nosso governador não só arranjou encrenca com Deus e todo mundo por suas declarações sobre o aborto mas também não citou a fonte...

Olha só o comentário no blog do Freakonomics (foram eles que originalmente dispararam a polêmica tese de que o aborto reduz a criminalidade). Reproduzo o texto abaixo, mas se você quiser ir ao link original, está num pedacinho de:

http://freakonomics.blogs.nytimes.com/2007/10/25/freak-tv-was-alan-greenspan-just-lucky/#more-2021


Naked Self-Promotion
Sergio Cabral, the Governor of Rio De Janeiro, has argued that legalizing abortion could be an effective means of curbing crime in the city, which is currently one of Brazil's most dangerous. He based his argument on the chapter in Freakonomics revealing the apparent link between falling crime in the 1990s and U.S. abortion laws.


Decidi dar uma olhadinha no Armazém de Dados da Prefeitura do Rio de Janeiro. Infelizmente, os links para o que eu procurava não estavam lá, a saber, qual a taxa de natalidade por região administrativa. Então, continua aqui a pergunta: será que a taxa de natalidade nas favelas é maior que no asfalto? Eu acho que não.


Mas, existe uma maçaroca de dados bem interessante, que eu vou tentar mostrar abaixo, sem grande "estatiquês". Os dados são de 2002 e foram compilados a partir das tabelas 1023 e 1025 do "Armazém". O que eles mostram? O percentual de mulheres de baixa instrução (menos de 3 anos de estudo) e mulheres adolescentes (com menos de 19 anos) que tiveram filhos no município do Rio em 2002.

O que se conclui? Mais ou menos o óbvio. Nas áreas mais pobres o percentual de mães adolescentes e de baixa escolaridade é maior. O aborto é uma solução? Talvez.

Ordenei os bairros por incidência de partos em mães adolescentes. O resultado está aí...



Os bairros "campeões"? Não devem causar espanto. Campeoníssimos também na miséria.

Notem que se o nosso campeonato fosse pela baixa instrução, a "taça" iria pára outros, Rocinha e Maré competem "neck to neck" neste páreo, o que até me causa algum espanto, pois a minha percepção de habitante ZS é que a Rocinha seria uma favela (oops, perdão, "comunidade") muito mais "afluente" que a Maré.


Em termos destas duas medidas, pode-se perceber "de cara" dois grupos de bairros pobres - num é alta a incidência de mães adolescentes e também de mães de baixa escolaridade (mas não se pode dizer que elas sejam as mesmas pessoas). Num outro grupo de bairros existem muitas mães adolescentes, mas um baixo percentual de mães com pouca escolaridade.


Moral da estória: não dá para generalizar, e portanto também não existe solução única para todos os problemas.







quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Mas, o que é mesmo que eu acho que é luxo?

O que é luxo prá mim?

Vocês já viram dois "posts" com títulos contendo a palavrinha mágica. A minha concepção de luxo é aquela possível para a classe média - nada de Learjets nem helicópteros, nem ilhas paradisíacas no Caribe ou no Índico. Nada de relógios que custam mais do que eu ganharei em toda a minha vida e (infelizmente, para uma apaixonada por quatro rodas como eu), nada de carros que custam mais que um apartamento de dois quartos na zona sul do Rio.

Mas, o que todos nós parecemos valorizar e considerar um LUXO é PRIVACIDADE. E, ela custa dinheiro - quanto maior, mais dinheiro. Para fugir das hordas, só fazendo gazeta, como eu fiz, e teremos a agradável lembrança de um mundo com menos gente e, sem dúvida alguma, muito menos vulgaridade, mas isso é assunto prá depois.

Hoje eu estava pensando: num mundo com tanta gente, pareceria natural que o espaço privado se valorizasse, e a impressão que eu tenho é que o exato oposto acontece. As pessoas parecem gostar de andar em bandos, estar onde todos estão, fazer o que todos fazem. Hoje saiu no jornal o preço dos ingressos do show do The Police em dezembro no Maracanã. O mais barato, arquibancada, R$ 160,00. O mais caro, R$500,00, mais de US$ 250. Sabe quando é que eu vou pagar isso para estar com mais 70 mil pessoas no Maraca vendo a "reunion" de roqueiros velhos? Jamais! Podem dizer que é crise de meia idade, eu digo que prefiro gastar dinheiro com menos gente e mais conforto. R$ 500 compram duas noites de hospedagem (ou quase) num fim de semana fora do Rio!

Eu aqui falando de muita gente e acabo de ver na TV o lançamento do maior avião do mundo, o A380. Cabem 500 pessoas, e os aeroportos terão que ser adaptados para a chegada do monstrengo. Já imaginaram que delícia a poltrona do meio na classe "navio negreiro" num vôo de Tóquio ao Rio de Janeiro neste avião? E os lugares no vôo inaugural foram leiloados - há louco prá tudo! E qual a vantagem para o consumidor nesta estória? Em todas as matérias sobre o avião, não ouvi ou li nada sobre tarifas mais baratas. Aliás, nos EUA as companhias "low cost" já quiseram sugerir lugares em pé nos aviões. Decididamente faz a gente achar as barrinhas da Gol um L-U-X-O só!Imagina! Como diria uma amiga minha, HUMPFT!

Voltando ao assunto original, dei uma olhada no "site" do IBGE. Em 1980 éramos cerca de 119 milhões, em 2006, aproximadamente 186 milhões de habitantes. Mais de 50% de aumento! Não é sem razão que eu reclamo que existe tanta gente em volta, e tanta gente que não respeita o espaço de cada um. Pode ser uma coisa meio anglo-saxônica, mas brasileiro não sabe respeitar o espacinho "regulamentar" a que cada ser humano tem "direito", todo mundo aqui gosta de ficar grudadinho com você. Você pode estar parado na calçada esperando o sinal abrir e vem alguém e quase te encosta, e não é assaltante. Em outros lugares do mundo, só em Now York, a maior cidade tupiniquim do mundo, é que eu acho que isso acontece. No mundo civilizado, te olham feio. MAS SERÁ QUE AINDA EXISTE MUNDO CIVILIZADO? Nem na Suécia (enorme índice de suicídios!) e muito menos na Suíça, onde a extrema-direita acabou de ganhar as eleições!

Moral da história - realmente tem MUITA, MUITA gente nesse mundo, muito mais que nos meus 20 anos, e isso é o que me causa algum desconforto.

Somando-se a isso o fato do Brasil ser um país jovem, o desconforto aumenta. Aqui, a gente olha em volta e a grande maioria é mais nova que a gente, isso só nos faz perceber que a idade está passando, e depressa. Quando chegamos aos EUA e, melhor ainda, à Europa, é o paraíso dos quarentões. Uma parcela substancial da população é da nossa faixa etária ou, melhor ainda, mais velha. Ninguém olha prá gente como "meia idade", ao contrário, nós somos a parcela mais produtiva e mais influente da população, os "Reis da Cocada Preta", um L-U-X-O! A ditadura dos jovenzinhos é coisa de país emergente, ou como se dizia em tempos menos politicamente corretos, coisa de país subdesenvolvido mesmo!

Além do mais, o culto à juventude é uma característica tupiniquim, tão nossa como a goiabada e a jabuticaba e, as duas últimas provavelmente um L-U-X-O, devem fazer bem melhor à saúde.

Brasilll, o campeão da desigualdade social, e também do culto ao corpo, do culto à juventude, do hedonismo, das cesarianas (isso eu apoio!) e das plásticas e lipos. Será que estas coisas são um L-U-X-O?

Até que ponto, todos nós, para nos sobressairmos no meio da multidão, não fazemos apenas comprar, comprar e comprar, ter, ter e ter mais ainda, até não poder mais, numa compulsão irrefreável de consumo?

E o "ser", onde ficou?

Hoje em dia vejo adolescentes e universitários de classe média alta com mesadas muito maiores que o seu futuro primeiro salário. E eu me pergunto: e a motivação para trabalhar, qual vai ser? Não é à toa que só saem da casa do papai e da mamãe com 30 anos na cara, quando saem! Eu ganhava um salário mínimo e meio de mesada quando estava na faculdade, e não era diferente de 90% dos meus colegas, inclusive os bem mais ricos do que eu. A gente comia e bebia em casa antes de ir prá boite prá não gastar dinheiro, lá era uma vodka só, no máximo duas (tudo bem, a vodka era russa) pois era mais barato que whisky. Depois, só Coca-Cola. E a gente dançava de se acabar a noite inteira, eu saía do Hippo depois das 4 sempre!

OK, este último parágrafo está meio fora de contexto, mas serve para a gente pensar sobre alguns dos bons valores que a gente teve lá em meados do século XX e não andam muito na moda hoje em dia.

Voltando à pergunta original - o maior luxo prá mim é, sem dúvida, a privacidade. É poder olhar a natureza sem que ela esteja completamente devastada, é poder estar com os amigos, é ir a um restaurante legal, é bater papo, é tomar um bom vinho, é - principalmente - poder fazer tudo isso em lugares públicos em que as pessoas saibam se comportar e não transformem o seu momento de lazer numa chateação, com crianças insuportáveis correndo entre as mesas do restaurante, casais se chupando na mesa ao lado, bêbados gritando no seu ouvido, etc...

L-U-X-O, mas L-U-X-O mesmo, é a solidão.














Que L-U-X-O!

Superado o trauma do feriadão, lá vou eu prá Região dos Lagos de novo, vocês vão dizer que estou virando habitué. Que diferença! Um l-u-x-o, como diz o título deste "post".

Fui à Cabo Frio cuidar de uns "affaires" familiares, e como ninguém é de ferro fui para a praia. Acabei naquela em que me esbaldei na infância e, quatro décadas depois, continuei me esbaldando - a Praia das Conchas! Os quisques trash é que acabam com o visual, estão fazendo lá o que fizeram em Búzios. Eu não tenho nada contra quiosques de praia, ao contrário, mas será que não dava para eles serem mais transadinhos? O apogeu dos quiosques de praia são os da Praia do Futuro - o tal do Croco Beach é uma verdadeira Cancun (cercada de pedintes por todos os lados...), mas é legal "a pampa" (como diriam uns de umas duas gerações abaixo da minha).

Não resisti e fui lá no "site" deles pegar umas fotos, vocês só acreditam vendo o que é o lugar! Vejam abaixo.




Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, não precisa ser um Croco Beach, mas uma coisa mais legalzinha, com cadeiras limpas e alguma uniformidade visual não fazia mal a ninguém!


Acima a vista da praia apenas, poupei-os dos butecos. Não é linda (ainda)?

Depois, chutei o pau da barraca (em sentido figurado) e decidi fazer uma carioquíssima "gazeta", aproveitando o domingo. Fui prá Búzios, e aí foi tudo de bom. Lembra-se da semana passada, do engarrafamento de cinco horas para ir, quatro para voltar? Pois é, nem eu! Vocês já imaginaram Búzios numa segunda-feira oito dias após um feriadão? Paraíso completo e absoluto. Praias vazias, restaurantes idem, a Rua das Pedras ali esperando a gente só para um "strolling" de cidadezinha no interior. Parecia até a Búzios de 20 anos atrás, uma delícia.

E tivemos até uma ajudinha inesperada - o mar gélido do feriadão, sabe-se lá o porquê, desapareceu, e se o mar não estava tépido, pelo menos não congelava como na semana anterior.

Portanto, vamos às fotos, agora de Búzios!














quarta-feira, 17 de outubro de 2007

As delícias de um feriadão (o inferno e o paraíso na terra)

Num arroubo de loucura, fui para Búzios no feriadão. cinco horas para ir na 6a feira e "apenas" quatro para voltar na 2a. NUNCA na minha vida peguei um engarrafamento tão grande, e me disseram que quem saiu na madrugada de 5a para 6a pegou um ainda pior. Gente - o que era aquilo? Eu jamais imaginei que havia tanto maluco disposto a acordar às 6 da manhã num feriado para pegar uma estrada - o engarrafamento começava na Ponte!


Não sou expert em Região dos Lagos, mas há quem já tenha passado oito horas na estrada para vir de Búzios ao Rio. É coisa de maluco, não? Eu sou bem inflexível com quem anda pelo acostamento, mas nestas condições consigo até perdoar quem faz isso - se você passa por um engarrafamento desses sabe o desespero que dá!


No meio do caos, comecei a filosofar e até rir. Vocês já notaram que o engarrafamento da Região dos Lagos é uma das poucas coisas realmente democráticas do Rio de Janeiro? Pega todo mundo por igual - pobre, a classe média que vos fala e rico (embora os REALMENTE ricos não estejam lá no feriado, ou então usam meios alternativos de transporte, como jatinhos e helicópteros). Você está lá e olha em volta - vê um Voyage 1985 com adesivo "Jesus me deu", mulher, filho, sogra, barraca e cadeira de praia e o sujeito com cara de "o que que eu fiz prá merecer isso?". Olha pro outro lado e vê um emergente Pajero blindado com Insulfilm pretão e fica imaginando a louraça siliconada e turbinada dentro, direto da Barra da Tijuca. Enfim, muito democrático - não interessa quantos cavalos tem o seu "possante" e o preço do seu seguro, você está lá, parado, parado, parado....


E Búzios então? Lotação totalmente esgotada.


Depois de quatro parágrafos de reclamações você deve estar pensando: "ela detestou o feriado, está xingando até agora a idéia de ter ido prá Búzios, etc e tal...". Que nada! EU ADORO BÚZIOS! A estrada é horrível, a cidade não tem infra-estrutura, é tudo um caos, mas eu chego lá e volto a ter a alegria da infância, adoro o mar, adoro o vento, adoro o sol, e fico feliz como uma criança de 10 anos! Tirando o "pequeno" inconveniente de chegar e sair de lá, é uma delícia!

A praia não estava lá grande coisa, mais lotada do que deveria, e o mar mais frio do que deveria, mas continua L-I-N-D-O e então eu perdoo tudinho.

Lá vai a indefectível foto dos barquinhos, marca registrada do local...


Fui para uma pousada ótima na Ferradura dedicada, digamos, a um público específico... Muito simpática, donas igualmente simpaticíssimas, serviço atencioso, tudo de bom. O nome é Our House, vale a visita! O site é http://www.ourhousebrazil.com/br_default.asp


Abaixo a vista da minha varanda, legal, não é?


E aí, depois de quase uma semana já no Rio, ainda razoavelmente bronzeada, apesar do filtro solar 30 (já devia estar no filtro 40 - o número do filtro vai aumentando com o número de anos que a gente tem, você não sabia, hehehe?), despeço-me dos meus dois leitores.

Até o próximo feriadão. A gente se vê comprando Biscoito Globo no engarrafamento!










sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Sumi mas não morri

Pois é, andei sumidíssima mesmo, é a falta de tempo - esta e a falta de dinheiro parecem os males das nossas vidinhas, mas sobre a segunda eu nem falo.

Sumi, mas ao aparecer trago novidades: uma rádio (em processo de criação/atualização/bagunça) feita por mim. O site, imperdível, é o www.last.fm. Em linhas gerais, é bastante parecido com o yahoomusic (www.yahoomusic.com) na versão gringa (havia uma versão brasileira que não tinha N-A-D-A). A idéia básica talvez você conheça - é "um site" com zilhões de músicas que você pode classificar e incluir na sua "playlist". Artistas "semelhantes" (sabe-se lá segundo quais critérios) são mostrados com o seu escolhido, e após uma certa garimpagem você consegue montar uma lista bem legal.

Gostei muito do fato do last.fm exibir as músicas mais tocadas de cada artista nesta semana, mês e no último ano. Isso permite que a gente encontre facilmente os "hits" de cada um, embora seja uma boa idéia dar uma olhadinha lá no final da lista, para ver se você não esqueceu de alguma preciosidade.

E, last, but not least, o site permite a exportação da lista criada para um blog como este que vos fala.

Portanto, agora é deixar com o last.fm e divirtam-se com as músicas.









segunda-feira, 24 de setembro de 2007

um luxo só....



Luxo, mas luxo mesmo, é passar o fim de semana na serra.
Apesar da favelização (feita pelos pobres e também pelos ricos, com casas e apartamentos horrendos, ai meu Deus, cada coisa ...) você volta de Petrô e adjacências achando que a vida é bela!

O tempo estava lindo, calor de dia na medida certa, e um fresquinho de noite que era tudo de bom. O ponto negativo era a seca, faz milênios que não chove, e a mata estava amarelinha, coitada! Ainda bem que hoje chegou a frente fria, e pelo menos aqui no Balneário começou a chover.

A civilização realmente chegou lá, pelo menos em Itaipava - leia-se: os radares... e acho que ganhei um "presente", só espero que não tenha sido daqueles de 600 reais. Então, distraídos e apressadinhos - CUIDADO! O retão em frente à Granja Brasil, antes do Horto está cheio de radares, em ambas as direções, e a velocidade é 50 km/h (CINQUENTA!), portanto qualquer descuido é fatal! Araras, Graças a Deus, continua sem radares, apesar de um quebra-molas a cada 5 metros, mas acho que não tem nenhum novo, só aqueles que a gente já conhece.

Falando em luxo, estar no "meio do mato", onde até mesmo o meu celular está morto e ter um notebook com ligação à internet é o máximo, não é mesmo? Confesso que estou fazendo a maior propaganda, mas adorei o tal mini-modem da TIM, especialmente porque agora me livrei das escorchantes tarifas que os hotéis costumam cobrar por acesso à net. E não é que o modemzinho pegava lá no meio do mato? Mal mas pegava. É nessas horas que eu a-d-o-r-o o século XXI. Como é que há 10 anos atrás eu poderia imaginar uma coisa dessas? Sem chance!

Aliás, na seção "de volta ao passado", eu ri muito vendo um detalhe (pouco importante) do "Bom Pastor" com o Matt Damon. Numa determinada cena, ele verifica quem retirou certo livro da biblioteca. O livro tinha 2 cartões - um que ficava preso no próprio e outro, que você assinava e ficava guardado na biblioteca para que eles soubessem quem estava com o livro (e pudessem cobrar eventuais atrasos, entre outras coisas). Hoje em dia, é tudo código de barras! O segundo cartãozinho sumiu, o primeiro existe ainda (eu acho), como um lembrete para você não se esquecer da data de devolução, embora você receba um e-mail avisando com alguns dias de antecedência sobre a data de devolução do livro.

Mas, vamos combinar ... já faz MUUUUUITO tempo que eu não passo pela biblioteca! A internet resolve o dia a dia, tenho acesso aos jornais acadêmicos com o que há de mais moderno e ainda sou daquele tipo de ser humano ANTIGO que acumula livros (o arquiteto e o engenheiro que fizeram o meu apartamento que o digam, é espantoso).

Geléia é isso mesmo, começo falando de serra e termino com um papo nostálgico sobre bibliotecas. Aliás, duas falhas gravíssimas no meu curriculum - não conheço nem a Biblioteca Nacional nem o Real Gabinete Português de Leitura, imperdoável, eu sei. Quem sabe no dia em que eu tiver tempo, lá na próxima encarnação.

Aí vão umas fotos da serra, fresquinhas direto da Nikon...




quarta-feira, 19 de setembro de 2007

My favorite things

Os videos andavam sumidos, né?



E agora na versão original (se você, como eu, já tinha se esquecido de onde tinha ouvido esta música....)

Sobre fórmulas, dados, padrões e o Big Brother nas nossas vidas

O século XXI parece ser o paraíso dos estatísticos (e dos "torturadores de dados" sob as mais diversas denominações).

Você provavelmente não se deu conta, mas todos os seus dados estão por aí, esperando para ser analisados, processados e "devolvidos" (não necessariamente prá você). Se você der azar, caem nas mãos erradas e aí, só fazendo promessa ao seu Santo favorito prá ter sua paz de espírito de volta. Mas, vamos esquecer os "hackers" e pensar no lado positivo de tudo isso, embora a nossa vida seja dominada por uma infinidade de "Big Brothers", públicos e privados.

Um exemplo bem simples - talvez você faça compras no mesmo supermercado que eu, e receba por e-mail uma lista de ofertas semanais. E não é que as ofertas parecem ter sido feitas prá você? E foram mesmo! No meu caso, você pode apostar que eu vou ficar sabendo de todas as promoções de vinhos, chocolates, massas italianas, queijos variados. Arroz, feijão? O que é isso? Nunca me são oferecidos, por um motivo óbvio - eu não compro arroz com feijão.

E os malditos cartões de crédito? Para o bem e para o mal, sua vidinha privada é toda monitorada. E absurdos acontecem (e como!). Num dia, fiz uma compra numa farmácia. No dia seguinte, lá estou eu noutra farmácia, comprando uns 50 reais. Adivinhem? O cartão não passou (juro que tinha pago a conta, viu, gente?). Dois dias depois, uma simpática e ineficiente senhorita da empresa de cartões me liga me avisando que, para a minha proteção, minha compra caríssima de 50 reais não tinha sido aprovada, já que eu tinha comprado numa farmácia na véspera. Aí ela recebeu a pergunta que não quer calar até hoje: "quer dizer que eu não posso comprar dois dias seguidos em farmácias diferentes"?

Estou até agora esperando a resposta, pois o gravador automático com sotaque de Uberlândia continua me dizendo que "para a sua segurança, senhora, sua transação foi cancelada."

Mas, nem tudo está perdido no quesito "cartões de crédito": estava eu detonando meu cartão fora do Brasil e ring, ring, ring.... eis meu celular. Era a empresa, ligando para saber se era eu mesma num momento de loucura ou alguma clone tentando me levar à falência. Simpático, e o "rombo" foi aprovado na mesma hora. O problema é que, com as minhas inúmeras viagens, eu faço qualquer programa de reconhecimento de padrões ficar doidinho. Ou seja, o computador diz: hoje ela está aqui, amanhã ali, depois de amanhã, acolá, e haja terabytes de informação.

Um livro lançado recentemente (que eu ainda não li, mas está fazendo o maior sucesso na matriz) é: Super Crunchers: Why Thinking-by-Numbers Is the New Way to Be Smart .

A idéia central do livro é descobrir relações "inesperadas" ou "escondidas" entre variáveis a partir de enormes bases de dados, como as que as empresas usualmente guardam hoje em dia.
Por exemplo, uma olhadinha nos meus padrões de consumo vai revelar que eu gasto muito dinheiro em restaurantes e pouco dinheiro em roupas no Brasil (mas alguma grana em roupas quando viajo). Qual será a relação? Os tamanhos brasileiros não me cabem! Se alguém for me oferecer um brinde, o que será que vai fazer mais sucesso? Uma garrafa de vinho ou um biquini fio dental?

E a coisa não pára por aí - existem empresas tentando identificar padrões de "sucesso" em filmes e músicas. E são zilhões de variáveis, mas acredito que seja perfeitamente possível identificar alguns padrões relevantes que diferenciem um "hit" de um "flop". O único ponto que me incomoda nesta análise é: estes padrões podem ser mutáveis ao longo do tempo. A empresa que afirma poder identificar as características estruturais de uma música vencedora decompõe a batida, o ritmo, e tudo o mais que caracteriza a música, comparando-a com as que já foram sucessos. O que eu não sei como eles resolvem é - será que em alguns períodos algumas dessas características foram mais importantes que outras. Por exemplo, será que na década de 70 (e estou "chutando") a "batida" não era a característica primordial para definir um sucesso?
A questão é: acostumem-se. Big Brother está aí para ficar, e o lado positivo é que não vão tentar vender comida de gato prá quem tem cachorro (e vice-versa) ...

O outro lado BEM positivo é que eu acho que tenho emprego garantido por mais algum tempo...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Será o medo do inferno?

Esta veio do Atlantic e vou tentar resumir o texto original sem cometer erros crassos.

Será que o medo do fogo do inferno torna as mulheres mais religiosas que os homens?

A teoria da preferência pelo risco (ou sua contrapartida, a aversão ao risco) diz que as mulheres são mais "avessas ao risco" que os homens. Isso explica, por exemplo, porque não jogamos toda a nossa grana impulsivamente nas corridas de cavalo ou nas bolsas de valores (mesmo nos momentos em que elas aparentam ser imbatíveis).

Então, uma "passadinha" semanal na igreja serviria como "hedge" contra as chamas da danação eterna...
A idéia de aversão ao risco surge então como a mais recente explicação para a maior religiosidade das mulheres.

Um estudo recente de pesquisadores da Universidade do Arizona contesta o argumento do medo do inferno como motivação para a religiosidade feminina, já que este pressupõe que as pessoas acreditam em "algo" após a morte. Os pesquisadores estudaram dois grupos de pessoas: as que acreditavam em "algo" após a morte, e as que não acreditavam.

As mulheres no segundo grupo (os "céticos", que não acreditam na vida após a morte) são mais religiosas que os homens no mesmo grupo, e a diferença entre os sexos é maior no grupo dos "céticos" que no outro grupo. Dentre os que não acreditam no inferno, as mulheres vão à igreja com mais freqüência que os homens com convicções semelhantes. Já entre os que temem o fogo eterno, homens e mulheres vão à igreja com freqüências semelhantes.


Em resumo: sei lá!
Parece que o que motiva o pessoal não são as chamas eternas, ou o medo de virar churrasquinho por toda a eternidade. Segundo o estudo, a aversão ao risco feminina não é tão grande assim, ou então o "cara" vermelho do tridente anda meio desacreditado no século XXI.


Para quem quer o artigo original, eis o link:
“Risky Business: Assessing Risk Preference Explanations for Gender Differences in Religiosity,” Louise Marie Roth and Jeffrey C. Kroll, American Sociological Review

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Vergonha!

O título não poderia ser mais sucinto, e a não ser que você tenha acordado agora, já deve saber do que se trata: a absolvição de Renan no Senado.

O circo começa com a tentativa de impedir os deputados de assistir a sessão secreta do Senado, que descambou para cenas de pugilato explícito, mostrando a quantas anda o decoro parlamentar nas duas casas do Legislativo. Aliás, ponto para o STF mais uma vez, que vem subindo no conceito do que resta da chamada "opinião pública" brasileira. O Supremo acatou o mandado de segurança impetrado pelos deputados, permitindo que 13 deles participassem da sessão secreta do Senado.

O texto a seguir, retirado do blog do Noblat, comenta a decisão do STF.

STF decide se mantém decisão que beneficiou deputados

Começou há pouco sessão do Supremo Tribunal Federal. O ministro Ricardo Lewandowski submete a julgamento dos seus pares o mandado de segurança que analisou durante a madrugada, permitindo a participação de 13 deputados na sessão do Senado que decide o destino de Renan Calheiros (PMDB-AL).

O ministro fez questão de explicar seu voto. Disse que, no silêncio de seu gabinete, conversando com sua consciência, meditou bastante sobre o assunto. Pensou em negar o pedido, já que o regimento interno do Senado não autoriza a presença de deputados em sessões. Depois, contou ele, percebeu que o pedido ia além do texto frio do regimento.

Tratava-se, segundo ele, de fundamentos de ordem constitucional: publicidade e pleno exercício do mandato dos parlamentares. Por isso, o voto convicto: "Não abri a sessão secreta a pessoas estranhas ao Congresso Nacional".

Lewandowski repetiu que não transformou a sessão em pública porque, aí sim, estaria violando o dispositivo do regimento interno do Senado. "Não me atrevi a tanto", comentou.

Ou seja, o ministro Lewandowski conseguiu ver algo além do simples regimento interno do Senado, e pesar o impacto que tal sessão "às escondidas" teria sobre a credibilidade do Legislativo.

A esperança dos governistas e aliados de Renan é que a absolvição encerre o período de marasmo em que se encontra o Senado. Comentaristas políticos acham isso pouco provável, e argumentam que a crise que se resolveu parcialmente hoje (restam outros processos contra Renan no Conselho de Ética) desgastou o Senado e o governo, tornando o diálogo com a oposição ainda mais difícil. Enfim, o próprio governo pode acabar deixando o Renan se enforcar sozinho, quem sabe numa saída mais ou menos elegante, como um pedido de licença ou algo parecido?

O fato é que os políticos choram diante das câmeras, reclamando de um pré-julgamento pela imprensa, e do fato de estarem sendo "crucificados" pela opinião pública...

Mas que opinião pública é esta? É aquela que paga os impostos, tem cada dia menos dinheiro no bolso, se sente acuada com a insegurança das grandes cidades e com a perspectiva de menos emprego (e piores empregos, se eles existirem). A "opinião pública" é a voz esquecida da classe esquecida, a classe média - aquela que um dia sonhou com ascensão, e ao olhar em volta só vê o buraco, cada vez mais fundo.

No entanto, eu não vou ficar aqui fazendo um discurso Udenista (não é nem da minha época, viu?), mas só gostaria de levantar uma bola: se os nossos políticos são tão Renans, Collors, Malufs, Roberto Jeffersons, Clodovis, será que eles não nos espelham?

Marketing é tudo, vende qualquer coisa, até ar refrigerado para esquimó, mas será que, no fundo, nós não temos os políticos que merecemos?

Sem dúvida, existem coisas fundamentalmente erradas no nosso Legislativo - a gente vota em alguém e o fulano leva meia dúzia de 10 ou 20 junto, e a gente nem sabe quem são os outros. Além disso, o Clodovil e o Maluf tiveram que "ralar" muito para se eleger em SP. Se Clô tivesse sido mais esperto, era só se candidatar no Acre - aposto que se metade das "bibas" de Rio Branco tivessem votado nele, se elegia fácil, e olha que não deve ter tanta "biba" em Rio Branco assim... A questão é, você elege um deputado no Acre, ou no Amapá, ou em algum lugar lá no Norte, com muito menos voto que aqui no Sudeste.

Então, queridos, o meu, o seu, o nosso voto carioca, paulista, mineiro, gaúcho, baiano VALE MENOS! Considere então os programas de ação social do governo. Onde estão distribuídos? Norte e Nordeste. E, na democracia, uma cabeça é igual a um voto. Logo, em quem a "tchurma" lá do bolsa família vai votar: no Coronel Lula e em quem ele mandar, no caso os aliados do PMDB, o partido mais espalhado pelo Brasil afora. E sabe quando essa turma vai sair do poder? NUNCA! Talvez, para diminuir a revolta da "classe esquecida", venha aí antes das próximas eleições para presidente um pacotinho de bondades para satisfazer a classe média, e talvez antes disso decidam lançar um ou dois "negos" na fogueira, para satisfazer a tal da opinião pública. Mas, lamento dizer, N-A-D-A, N-A-D-I-N-H-A mesmo vai mudar, até que nóizinho aqui do Centro-Sul consigamos maior representatividade no Congresso (embora, cá entre nós, tanto a bancada de SP quanto a do Rio sejam de doer...)

Vocês vão dizer que hoje eu estou de mau humor, acho que estou mesmo, também pudera!

Um pouco menos de mau-humor, e bem mais sucinto (e bem escrito) está o blog de José Marcio Almeida Mendonça, no Estadão. Vide abaixo.

O Senado, o Legislativo

por José Marcio Mendonça, Seção: Política 18:40:41.

Antes que tivesse tempo de me preparar para comentar a escandalosa absolvição do senador Renan Calheiros por seus pares no Senado, alguns companheiros de blog deram aqui, em comentários à nota anterior, o tom da reação da sociedade: vergonha, decepção.

Não há muita coisa a dizer neste primeiro momento a não ser com tais adjetivos e com uma conclusão: foi um dia tenebroso para o Senado e a política brasileira. Não há risco: dias melhores não virão.

Para consolo, se há algum nesta hora, quem puder leia uma crônica de Machado de Assis intitulada "O Velho Senado". Pelo menos poderemos nos reconciliar com a beleza e a precisão no uso da língua e conhecer um outro tempo da política brasileira que, tudo indica, foi menos terrificante que o atual.

Num dos comentários que fiz hoje na Rádio Eldorado disse que o Senado estava numa encruzilhada: ou fazia história ou caía de vez no ramerrão da politiquice, do jogo de interesses partidários e pessoais. A maioria fez a opção que achou mais digna.Todos vão pagar, os inocentes e os pecadores. A política brasileira neste 12 de setembro ficou um pouco menor do que já era. Se isto é possível.

Como só o que nos resta é rir, aí vai....




A barba tingida (?) do Bin Laden

Não resisti e faço um "corte e cola"da Slate. O título é: "A barba do Bin Laden é "Kosher"?"
Em resumo: PODE SIM tingir a barba (com henna, nada de L'Oreal). O marketing do Bin Laden aparentemente não fere o Corão.

Explainer: Answers to your questions about the news.

Muslim Beards 101Are Muslims allowed to dye their facial hair?By Michelle TsaiPosted Monday, Sept. 10, 2007, at 6:53 PM ET

Osama Bin Laden gets a makeover

Days before the sixth anniversary of the Sept. 11 attacks, Osama Bin Laden appeared in a new video message urging Americans to embrace Islam. Bin Laden sported a trimmed, dark beard instead of his bushy, gray trademark. Some analysts suggest that he has dyed the beard as a sign of war; others think he now shaves to avoid detection and is just donning a wig.

Can a Muslim dye his beard?


Yes, although many imams believe it should be discouraged. Islam emphasizes modesty and simplicity, but some of Mohammed's sayings (or hadith) recommend covering up gray hair with henna or a dye called katam. According to the hadith of Sahih Bukhari, this would set Muslims apart from Jews and Christians, who (according to Mohammed) didn't dye their hair. The prophet said to avoid black hair coloring, however, probably because you weren't supposed to try to mimic a natural hue.

The Quran says nothing on the subject of keeping beards, but believers are urged to follow the example of the prophets, who all had them. Mohammed in particular maintained a neat, groomed appearance, and scholars believe he trimmed his facial hair. The general guideline from Sahih Bukhari boils down to "Trim the mustache, keep the beard." Followers should cut their mustaches short enough that the skin above the upper lip is visible, and grow beards to at least a fistful in length. A longer beard isn't automatically better, though. According to one account in the hadith of Malik's Muwatta, the prophet sent a man with disheveled hair out of the mosque to groom his beard. Muslims must also refrain from trimming their hair during the hajj, or pilgrimage to Mecca—at least until they've walked seven times around the Kaaba.

In the view of modern, mainstream Islam, growing a beard is recommended but not always required. Yusuf al-Qaradawi, a respected Sunni scholar in Egypt, says beards are optional. Taha Jabir al-Alwani, who helped found the International Institute of Islamic Thought in the United States, believes Muslims don't need to wear beards if it interferes with daily functioning—like if facial hair is prohibited at your place of work or if beards are uncommon in the country where you live. Relatively few Muslims wear big beards in places like Turkey, Algeria, and Morocco, where such an outward display of being Islamic might invite scrutiny from government authorities. Imams in Northern Africa also don't tend to have much facial hair.


On the other hand, you won't find too many sheiks or imams without impressive beards in the Sufi tradition. The reasoning here is that the worshippers are concerned only with their inward selves and not with outward appearances—thus the careless beards and mops of hair. Religious men in Afghanistan, Pakistan, India, and Bangladesh also prefer to signal their religious devotion with their beards. Muslims from Salafism, the literalist tradition to which Bin Laden is believed to subscribe, have also adopted the big beard.

Explainer thanks Imam Johari Abdul Malik of Dar Al Hijrah Islamic Center, Imam Abdul Malik Mujahid of the Council of the Islamic Organizations of Greater Chicago, and Vernon Schubel of Kenyon College.

Instruções de uso

Gente,

Parece que a minha geração não é, assim, digamos, "expert" na utilização de blogs e ferramentas multimídia do início do século XXI, e os meus dois leitores até agora respondem ao "geléia" através de e-mails!!

Sabe aquele linkzinho embaixo de cada "post"? É para comentários, e a não ser que eles sejam particulares, que tal escrever lá e começar a discussão? Senão, o propósito do blog vai por água abaixo.

Também, eu acabei de descobrir um negócio legal nos videos do Youtube - se você aperta "menu" (está embaixo no canto direito) tem, entre outras opções, videos relacionados ao que você está assistindo nesta página, e pode passar para eles imediatamente. Maneiro, né, principalmente para gente curiosa e com déficit de atenção como eu.

Para não fugir à regra, lá vai o video de hoje.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Cabarets de New York

Não, não estou falando de algo assim meio "Praça Mauá"... Os cabarets de New York são uma versão infinitamente melhorada e mais chique dos Piano Bars que não emplacaram por aqui. Eles estão entre as minhas mais caras (em todos os sentidos, prepare o bolso) e inesquecíveis memórias da Big Apple. Eu e Mme. S. passamos uma noite inesquecível com dois amigos, D. e K., editores de uma revista que é o máximo, Cabaret Scenes, dedicada a (adivinhe?) programação dos Cabarets da Big Apple.

A revista ainda existe, e você pode acessá-la na Net em http://www.cabaretscenes.com/. Decididamente vale uma conferida, os shows são imperdíveis, e se você gosta de ouvir os standards da música americana, não vai se decepcionar.


Por favor - New York tem muito mais que o Woodbury, a Macy´s, o Bloomingdales, a Estátua da Liberdade e aquela visitinha relâmpago ao Metropolitan (só para não se sentir culpado!).

Por sugestão de uma amiga (Mme. R, mais uma vez parodiando o saudoso Apicius) aí vai a dica de um dos mais famosos, o Oak Room do Hotel Algonquin.

UM CORTE E COLA DA PÁGINA DO ALGONQUIN...





New York's Best Cabaret...
World-class entertainment at the Algonquin Oak Room
Schedule/Performers History Press & Reviews

To view the Oak Room Cabaret Schedule, please click here.

In the Algonquin's supper club you can return to the glamour of the 20s and 30s and experience today's brilliant young performers of the Great American Songbook... The Oak Room was a launching pad for Harry Connick Jr., Michael Feinstein, Andrea Marcovicci, Diana Krall, Mary Cleere Haran, Jane Monheit, Peter Cincotti and Jamie Cullum.

During the regular Cabaret season, September through early July, performances are held Tuesday through Saturday at 9 pm, with a dinner seating at 7 pm. An additional late show on Fridays and Saturdays is held at 11:30 pm, with light fare available at 10:30 pm. On Sundays, enjoy a Jazz Brunch with seating beginning at 12 pm and a show at 2 pm, also Monday evenings at 8pm with a dinner seating at 6:30pm.

There is a cover charge of $60 to $75, depending on the performer, with a $70 three course pre-fixe dinner which is optional Tues. - Thurs., but required for early shows Friday and Saturday, or a $30 minimum. On Sunday, the show and brunch is $65. All prices are subject to change.

For information and reservations call 212-419-9331 or e-mail Barbara McGurn at http://www.blogger.com/bmcgurn@algonquinhotel.com

Um exemplo de figurinha fácil nos Cabarets é Michael Feinstein, que faz o maior sucesso em terras gringas. Veja quem é:


segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Cena Carioca

Luxo, mas luxo mesmo, é ir para o trabalho pela orla num dia de sol olhando o mar verde. É um dos "fringe benefits" de morar no Rio, e todo carioca que mudou para SP (ou outra floresta de concreto) acaba tendo a nostalgia destes momentos.

E cena carioca é bater papo no sinal com alguém que você não via há 20 anos. Constrangedor é quando você não reconhece a pessoa que te chama...Bom, já se passaram 20 anos, isso é sempre uma boa desculpa. Triste é ver que uma ex-companheira de farra, daquelas que saíam da boate (na época era "boate") às 7 da manhã, se tornou uma senhora de óculos e cabelos grisalhos. Aliás, hoje a "night" às vezes começa no "day" (às 7). Sei não, esse negócio de "boate" que só começa a funcionar de manhã cedo é meio estranho prá mim, mesmo se eu tivesse 18 anos acho que não teria saco - ia ficar fazendo o quê? Tirar uma soneca e acordar às 5? Nem pensar! Virar a noite? Detesto Red Bull e drogas pesadas acabam fazendo você ficar mais velha mais cedo.


O lado bom desses encontros fortuitos é que sempre me reconhecem, embora eu não reconheça ninguém. Acho que eu ainda não estou tão diferente assim, graças à boa e velha tintura de cabelo, entre outras coisas. Aliás, nessa hora dou Graças a Deus de ser gorda - elimina as rugas. Minha amiga magra de 20 anos atrás está, digamos assim, uma "uva passa".Dieta radical agora, nem pensar, vou desabar toda!


Enfim, vamos tentar trabalhar porque isso aqui é Rio de Janeiro mas ainda assim se trabalha depois de um feriadão!

Prá terminar o domingo (já é segunda...)

Um video relax para o final de domingo!

A classe média sumiu (da TV na matriz)

Li hoje na Salon um artigo bem interessante sobre a temporada recente de TV lá na matriz. A classe média desapareceu dos shows, todo mundo na telinha é cheio da grana, e não necessariamente a imagem dos muito ricos é negativa como nos bons e velhos tempos de Dallas e Dynasty (olha eu revelando a idade, hein?). Quem não se lembra da maravilhosa Joan Collins, a megerérima Alexis? Pois é, agora é uma profusão de milionários da telinha, e alguns deles fariam a Alexis parecer uma recatada senhora.
Classe média, só no Big Brother e nos Extreme Makeover da vida, onde a tal da classe média está fazendo de tudo para parecer rica.
Sei não, mas a matriz está ficando cada vez mais parecida com um certo país mais ao Sul....
Para quem quiser conferir, eis o link.

sábado, 8 de setembro de 2007

Vem chegando o verão...


Olha ele aí de novo, a estação ícone destas terras cariocas. O Pan já passou, a polícia já saiu das ruas, os pivetes já voltaram, tudo caminha para a mais absoluta normalidade. O feriado serviu para afirmar que o verãozão está aí de novo, pelos próximos 11 meses. E junto com ele... os turistas!



Agora, agorinha mesmo, confesso que me permiti um almoço "gourmet" (às 5:30 da tarde) no McDonalds de Copacabana. E ao lado de quem eu sento? De uma mesa de turistas americanos, da nova safra de turistas típicos da terra gringa - jovens e, no caso deste grupo, quase todos negros. Camisetas coloridas, tênis, bermudas xadrez e mais de 1.80 de altura - típicos. Surpreendentemente, nenhum obeso no grupo.


Parei prá pensar - realmente o Rio tem tudo a ver com gente jovem, e os negros americanos têm muito mais a ver conosco que seus conterrâneos brancos, por sua espontaneidade e até pela sua dose de esculhambação, digamos, meio "brasileira".


E é claro que estavam lá os rapazes falando do assunto favorito dos homens - mulheres - e pediram para tirar uma foto de uma garota bastante bonita que, pasmem, não era uma "Bebel", apesar de estarmos no McDonalds de Copacabana. A garota começou a papear com eles, aí chegou um amigo, que tinha morado nos EUA e em 5 minutos os turistas já tinham algumas dicas da "night" no sábado no Rio.


E eu lá, curiosa, só de ouvido em pé escutando a conversa da galera. Falta do que fazer, né?


Pois é, a gente vive "malhando" o Rio, e onde é que a gente vê um povinho tão simpático, hein, hein?

The funnies

Na mesma linha dos "posts" de hoje, mas prá gente rir um pouco.

Liberais e Conservadores nos EUA

Aproveito o "post" sobre as eleições nos EUA para falar um pouquinho sobre a "direita" e a "esquerda" nos EUA. Os chamados "liberais" formam a ala mais à esquerda no espectro político americano. Andaram meio esquecidos nos últimos 20(?) anos e agora, depois do caos do governo Bushinho, parecem estar emergindo das cinzas (ou da tumba, quem sabe?).


Para os nossos padrões, e para os europeus, os "liberais" americanos estão muito mais à direita do que a maioria dos nossos políticos de "centro".


E por que esta possível guinada para a "esquerda" nos EUA?
It´s the economy, dummy!
1) A economia americana está indo pro brejo (vide "post" sobre eleições). Americano não aluga casa, compra. No "boom" imobiliário dos últimos anos muita gente comprou casas novas (a preços altíssimos) com hipotecas a taxas de juros flutuantes. Os juros baixíssimos subiram e eis a crise. Outros tiveram a brilhante idéia de refinanciar suas casas, tomando uma segunda hipoteca, e usando o dinheiro para consumo imediato. Com a subida do juros, catástrofe. Isso é impensável para nós brasileiros, que achamos "baratinho" financiar carro em 36 meses com taxa de juros de 2% ao mês, mas o fato é que os americanos vivem de crédito, e se os juros sobem, a vida deles se torna o inferno na terra.


2) As promessas republicanas (leia-se, da "direita") de corte de impostos na prática significaram muito pouco para a maioria das pessoas. A renúncia fiscal do governo foi enorme, mas sabe quem ela beneficiou? Os muito ricos. O impacto dos cortes em impostos sobre a classe média foi pratciamente nulo, e agora o troco vai ser dado nas urnas.

Aliás, isso é democracia.
O governo nos representa - se ele deixa de nos representar, mais cedo ou mais tarde, leva o troco. Que bom seria se nós brasileiros tivéssemos senso de cidadania suficiente para entender isso.


3) A rede de proteção social foi paulatinamente desmontada. Os EUA nunca foram um welfare state com os países escandinavos (ou, em menor escala, França, Inglaterra e Canadá). No entanto, mesmo para os padrões americanos, a rede de proteção agora é insuficiente - o número de americanos sem seguro saúde aumenta a cada ano, o número de famílias vivendo na pobreza também, e na iminência de uma recessão as pessoas se tornam cada vez mais preocupadas com a existência de garantias mínimas de bem estar. Uma mudança para um governo democrata significaria um aumento de despesas com saúde, educação e previdência públicas e a paulatina reconstrução da rede de proteção social.


As três razões acima são, obviamente, econômicas. A próxima não é.


4) O americano médio se cansou do discurso social conservador. O governo Bushinho desde sempre se aliou aos setores mais conservadores da sociedade americana, defendendo a educação religiosa nas escolas públicas, tentando revogar a lei do aborto, pregando a "teoria" creacionista (leia-se Adão e Eva são ciência e não religião...) e outras coisinhas mimosas. Isso não necessariamente representa os desejos da grande maioria do povo americano. Os novos candidatos republicanos têm aparecido com um discurso social bem mais "light". Na verdade, o ícone do conservadorismo americano, Reagan, que fez o revival da onda conservadora a partir dos anos 80, poderia ser descrito como tudo, mas é difícil imaginar um ex-canastrão de Hollywood defendendo abertamente a revogação do aborto.

Eleições americanas

Para felicidade mundial, o governo Bush começa a se dissolver, e o grande assunto nos EUA já são as próximas eleições para presidente. A eleição de um presidente democrata é dada como praticamente certa. E "nóis" com isso?
Bom, aí depende...

A eleição de alguém mais moderado como presidente dos EUA é sempre um bom sinal, no entanto não pode ser necessariamente encarada como positiva (do ponto de vista econômico) para o Brasil, e eu tentarei elaborar um pouco a respeito.


Do ponto de vista internacional, e da imagem dos EUA no mundo, uma mudança seria "show de bola", pois depois do "imbroglio" Iraque e de todos os conflitos de interesse e desfile de incompetência do governo Bushinho, a tendência é melhorar, pois pior não pode ser.


O fato é que os EUA estão na iminência de uma grande crise, o país está na porta de uma recessão, como a recente crise (ainda não resolvida) das hipotecas revelou. Os déficits gêmeos (comercial = balança de pagamentos = exportação - importação e fiscal = governo gasta mais do que arrecada) só cresceram no governo Bushinho, e o país está numa encruzilhada. Portanto, um futuro governo democrata vai se deparar com um crise "braba", e a solução comumente adotada nestes casos é o protecionismo, leia-se: barreiras alfandegárias e tarifas de importação mais altas. Ou seja, na crise, o lobby para proteger os produtores locais é enorme e isso tem TUDO a ver conosco.


Logo, a equação me parece bem simples: crise americana leva a governo democrata que leva a maiores "barreiras de entrada" no mercado dos EUA que cria dificuldades aos produtores (especialmente agrícolas) brasileiros. É claro que o processo não é tão simples quanto o que eu acabei de decrever, mas em linhas gerais segue isso mesmo.


Então, queridos, eleição americana tem tudo a ver conosco.


Mas, será que governo democrata é bom para os EUA? Acho que sem dúvida é. Será bom prá gente? Hum, há controvérsias....