quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Deu no Freakonomics

Nosso governador não só arranjou encrenca com Deus e todo mundo por suas declarações sobre o aborto mas também não citou a fonte...

Olha só o comentário no blog do Freakonomics (foram eles que originalmente dispararam a polêmica tese de que o aborto reduz a criminalidade). Reproduzo o texto abaixo, mas se você quiser ir ao link original, está num pedacinho de:

http://freakonomics.blogs.nytimes.com/2007/10/25/freak-tv-was-alan-greenspan-just-lucky/#more-2021


Naked Self-Promotion
Sergio Cabral, the Governor of Rio De Janeiro, has argued that legalizing abortion could be an effective means of curbing crime in the city, which is currently one of Brazil's most dangerous. He based his argument on the chapter in Freakonomics revealing the apparent link between falling crime in the 1990s and U.S. abortion laws.


Decidi dar uma olhadinha no Armazém de Dados da Prefeitura do Rio de Janeiro. Infelizmente, os links para o que eu procurava não estavam lá, a saber, qual a taxa de natalidade por região administrativa. Então, continua aqui a pergunta: será que a taxa de natalidade nas favelas é maior que no asfalto? Eu acho que não.


Mas, existe uma maçaroca de dados bem interessante, que eu vou tentar mostrar abaixo, sem grande "estatiquês". Os dados são de 2002 e foram compilados a partir das tabelas 1023 e 1025 do "Armazém". O que eles mostram? O percentual de mulheres de baixa instrução (menos de 3 anos de estudo) e mulheres adolescentes (com menos de 19 anos) que tiveram filhos no município do Rio em 2002.

O que se conclui? Mais ou menos o óbvio. Nas áreas mais pobres o percentual de mães adolescentes e de baixa escolaridade é maior. O aborto é uma solução? Talvez.

Ordenei os bairros por incidência de partos em mães adolescentes. O resultado está aí...



Os bairros "campeões"? Não devem causar espanto. Campeoníssimos também na miséria.

Notem que se o nosso campeonato fosse pela baixa instrução, a "taça" iria pára outros, Rocinha e Maré competem "neck to neck" neste páreo, o que até me causa algum espanto, pois a minha percepção de habitante ZS é que a Rocinha seria uma favela (oops, perdão, "comunidade") muito mais "afluente" que a Maré.


Em termos destas duas medidas, pode-se perceber "de cara" dois grupos de bairros pobres - num é alta a incidência de mães adolescentes e também de mães de baixa escolaridade (mas não se pode dizer que elas sejam as mesmas pessoas). Num outro grupo de bairros existem muitas mães adolescentes, mas um baixo percentual de mães com pouca escolaridade.


Moral da estória: não dá para generalizar, e portanto também não existe solução única para todos os problemas.







Um comentário:

Claudia Luzardo disse...

É óbvio que não é aborto não é solução pra redução de criminalidade. Educação, sim. O problema é que existe a "Indústria da miséria e fome".É Interessante manter o povo na ignorância, assim a massa ignara, que é maioria, pode ser subjugada pelos que detem conhecimento adquirido através do estudo. Dessa forma, é quase certo se eleger,em lugares aonde às vezes se troca votos por litros de leite. Não há interesse em ensinar a pescar,pois dando-se o peixe,é estabelecida uma dependência do que recebe em relação ao que dá. Dinheiro para educação há,o que falta é vontade de educar o povo.